A Historia a Seguir é fictícia e qualquer semelhança com a realidade é mera coincidência... ou não
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Foi a primeira vez que passou uma noite sem dormir, era uma das coisas que Ramona mais gostava no mundo, mesmo assim, o horário na tela a sua frente marcava 4 h e 29 min da manhã e seu relógio despertaria daqui a 41 minutos indicando a hora de se preparar para a escola. Parou para refletir sobre a situação, por 5 minutos, levando mais tempo do que queria, mas por fim, deu um longo suspiro e domou uma decisão. Salvou o que estava jogando e desligou seu computador. Aproveitou um banho de 3 minutos, vestiu-se. Pegou uma maçã, tirou papel e lápis de sua bolsa e escreveu um bilhete com as seguintes palavras:
"acordei cedo hoje e não consigo voltar a dormir, por isso vou mais cedo para a escola. Voltarei sozinha também, então não me busquem". Satisfeita, colou-o na geladeira, deu uma mordida na maçã, colocou a bolsa pesada em suas costas e saiu pelas escadas de seu apartamento, colocando fones de ouvido no caminho.
O plano era ir em direção ao ponto onde pegaria dois ônibus para chegar em sua escola que ficava em uma cidade vizinha. Tinha a intenção de descansar no caminho, mas sabia que se dormisse só se sentiria mais cansada. Não sabia o que fazer, pois sempre tinha dificuldades para se manter acordada em sala de aula, agora principalmente, por que passou a noite em claro. Seguiu caminho mesmo assim, mantendo na cabeça o consolo de faltar as aulas mais chatas.
Nossa heroína, Ramona Flowers é uma garota relativamente bonita. Não tinha feições esbeltas e nem um corpo de modelo, mas também não era feia. Com 1.60 de altura, ela mantinha uma anatomia curvilínea, mas as vezes disfarçada pelas roupas quase sempre soltas e dificilmente justas ao corpo. Tinha cabelos castanhos e ondulados que caiam até a cintura, ela cortava ele de lado e prendia atrás das orelhas, porque odiava quando caiam ao rosto. As vezes até usava um arco para ajudar a prender. Entretanto não nesta ocasião. Seu rosto por pouco não era redondo e seu nariz era pequeno e fino. Sua irmã sempre dizia que tinha feições delicadas e de “menininha”. Seus olhos também eram castanhos e por serem caídos, Ramona aprendeu a deixa los estreito. Ela tinha a impressão de que diminuía esse detalhe que tanto odiava! Por fim, seu uniforme era uma camiseta comum, que Ramona sempre usava com uma calça que julgava normal e confortável, junto com um all star com estampa de estrelas preto e branco e uma jaqueta cinza com alguns detalhes rosa. Seu rosto começou a ganhar orelhas a pouco tempo. Não conseguia dormir a noite, pois sempre tinha companhia de pesadelos que não sabia de onde vinham.
Era por causa deles que resolveu ir sozinha para a escola. Sentia que precisava caminhar para tentar digerir estes pesadelos que consistia, na maioria das vezes, em ser perseguida por monstros, correr em um corredor sem fim e repleto de portas, ou coisas parecidas. Os lugares e situações eram diferentes, mas em todos eles ela procurava algo. Nunca sabia o que era, mas procurava. Havia vezes em que encontrava pessoas, mas sempre esquecia de seus rostos ao acordar! Era uma sensação desconfortante.
Seguindo caminho em direção ao ponto, Ramona começava a sentir o peso de uma noite inteira em claro. Sentia um mal estar terrível e lutava contra a vontade de voltar para casa e dormir, mentindo para si mesma que não podia, porque havia prova marcada para este dia. Quando finalmente avistou o ponto ao longe, o sol começou a nascer com mais vontade, deixando o céu pintado de um laranja escarlate que escondia a temperatura gélida que fazia. Ramona adorava o crepúsculo. Na verdade, não tinha “tempo preferido”. Todos eram igualmente bonitos para ela, deste o céu limpo à nuvens tempestuosas. Acordando de sua auto-reflexão, ao se aproximar melhor de seu destino, ela reparou que teria a companhia mais 3 pessoas.
-Bom dia!- Disse uma mulher sorridente, de aproximadamente 23 anos, mas um pouco baixinha para a idade. Possuía longos cabelos castanhos, quase loiros. Longos. Eles ultrapassavam os quadris e chegavam ao joelho. Ramona sentiu inveja.
-Bom dia.- Respondeu com educação e observou-a voltar para a conversa que estava tento com uma outra garota, dessa vez com a mesma idade que nossa heroína, apenas 1 ou 2 anos mais velha. Esta era maior que ambas e tinha os cabelos negros, ondulados e cordados até o pescoço. Seus olhos eram castanhos e possuía uma característica tanto de confiança quanto de humildade. Diferente da mais velha, que transmitia um olhar gentil e maduro.
Observou também a terceira pessoa. Um homem… Ou garoto? De aproximadamente 20 anos, tinha pele morena escura e um cabelo incrivelmente negro, além de liso e espetado. “lembra um pouco os índio brasileiro”, pensou nossa heroína. Estava sentado no banco aproveitando a sombra das árvores que se estendiam atrás dele formando uma floresta intensa. Usava uma calça jeans e uma blusa preta com a estampa de uma banda que Ramona não conseguia identificar. Seu porte era médio, não era nem muito magro ou alto e nem mesmo gordo ou baixo. Pensou que todos pareciam boas pessoas. Sempre teve a mania de jugar as pessoas a primeira vista, pelo modo de vestir e aparência. Sentia um certo remorso por isso, mas não conseguia evitar. Entretanto, dificilmente guardava a primeira impressão depois que conhecia a pessoa, mesmo que tivesse uma habilidade para jugar estranhos.
Uma rachada de vento acordou a garota novamente, fazendo-a perceber que o frio era bem maior do que pensava. Agora o chão estava coberto por uma neblina que se estendia até pelas ruas mais distantes e alcançava o joelho de Ramona. Ela tampava as poucas casas que ficava naquela rua e deixava o bosque atrás dela ainda mais sombrio. Era raro um fenômeno desses, principalmente onde morava, a última vez que viu algo assim em sua cidade foi a muito tempo, quando ainda era uma criança. De repente, uma sensação estranha tomou seu coração. Estava tudo deserto. Era cedo, mas muitas pessoas acordavam neste horário e nas ruas vizinhas se encontrava várias lojas e marcenarias. Alguma coisa estava errada, mas não sabia o que. Sempre foi assim. Sentia algo fora do comum, entretanto, quando descobria o porque já era tarde demais. Começou a lembrar de sonhos de tivera, viu-se correndo no meio do nada. Esse cenário, a neblina correndo pelos cantos desviando das árvores e postes telefônicos. Já viu tudo, em algum lugar… Nos sonhos? Um dejavu de sua infância? “estou ficando doida” disse para si mesma.
A visão agora era a de um filme de terror. A estrada que devia dar para um pequeno centro comercial, agora parecia não ter fim de ambos os lados. A sua frente, a casa humilde não existia mais. E por trás, as árvores se estendiam pelo céu em um negro assombroso e as folhas desapareceram por completo. Seus 3 companheiros sumiram e os sons pareceram desaparecer para dar lugar a um zumbido agudo e incomodo que ia ficando mais alto, e alto e alto…
-O tempo está incrível como sempre! Ah, não você sente calor?
-em?
Olhando agora o sol brilhava forte no céu. Devia ser uns 26 graus logo de manha. Faria muito calor esse dia. Percebeu que estava prendendo a blusa de frio contra o corpo e, diferente de antes, estava suando.
-Você está bem? Parece meio pálida.- Continuou a voz, fazendo Ramona perceber que foi a mesma mulher que lhe cumprimentou mais cedo. Agora a atenção dos três, estava voltando para ela, até mesmo o menino.
-Ah… Sim.- se viu obrigada a responder.- Li que faria frio hoje, então trouxe minha jaqueta… E, bem, me distrai e nem percebi o calor.- Completou com uma risada tímida.
-Sério? Em que lugar? Fala sério, estamos no meio do verão!- Agora foi a vez da menina de cabelo preto.
-É mesmo…- Completou distraída pelas outras poucas pessoas que passavam ao redor e pelo seu ônibus que se aproximava bem, bem longe.- você, sabe que dia é hoje?- O garoto continuou quieto, apenas olhando curioso. Foi a mulher que respondeu:
-20 de dezembro. Você tem aula hoje? É feriado, aniversario da cidade
Agora estava explicado a pouco movimentação!
-Eu estudo em vitória. Infelizmente não é feriado l…- Foi interrompida por uma voz, enquanto estendia a mão em sinal ao motorista.
“Socorro!”. Era uma voz distante. Ela se estendia pelo vácuo do pensamento das pessoas ali presentes, que alias, se não contarmos com as pessoas do transporte que parava aos poucos- e não devemos mesmo-, eram 4 no total.
“Não aquento mais”, “Desse jeito… Vou morrer”.
O transporte para o destino de Ramona estava parado em sua frente. O motorista que à encarava perguntou:
-Não vai entrar?
A heroína olhou em volta. As duas garotas e o menino olhavam ao redor, confusos. Sem dúvida ouviram o mesmo que ela. Depois de longos segundos em silêncio, respondeu:
-Desculpa. Eu errei. Este não é o meu ônibus.
Ramona sentia algo fora do comum. Precisava ir ao encontro do dono da voz. Ela iluminou sua mente e lembrou que já vira as 3 pessoas. Em seus sonhos. Nunca lembrava de seus rostos ao acordar, mas estava claro agora. Há algo grande em risco e sua maior motivação era não ir para a escola.
Continua...
Continua...
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